sexta-feira, 8 de julho de 2011

Terra da Alegria - Irará

Após minha estadia em Salvador embarquei para Irará, cidade localizada no  interior da Bahia. Descobri que receptividade é uma dádiva de Deus, dada em porção dobrada para povo baiano (rsrssr). Conheci mais uma parte de minha família, que antes tinha contato apenas no mundo virtual, embora eles sempre existissem. Confesso que o pior momento foi o da despedida, pois minhas pernas caminhavam rumo ao avião de forma lenta, vagarosa, parecia não saber se deveria obedecer ao coração ou o cérebro. Uma vez obedecendo ao coração elas não caminharia rumo ao avião, pois esta não era minha vontade naquele momento. 

Esse é o meu sentimento quanto as pessoas. No que diz respeito a cidade, optei por postar o texto abaixo, escrito por meu irmão Eduardo Ribeiro e postado em seu blog: A vida sob leitura (http://pietrasopralinea.blogspot.com/)

Irará (nascido da luz do dia)



  Rousseau acreditava no homem puro em seu estado de natureza, dizendo que a sociabilidade o corrompe. Muitas das idéias deste filósofo foram confirmadas no sistema da vida contemporânea. No dia 15 (Eu 18), deste mês, cheguei a Irará (nome que deriva de Arará, uma espécie de formiga vermelha), na Bahia. Apesar de ser uma cidade pequena do estado baiano, Irará tem nobres filhos, como o cantor Tom Zé, o pesquisador Emídio Brasileiro, Diógenes de Almeida Campos, um dos mais importantes paleontólogos do Brasil, o goleiro Dida e, para mim o mais ilustre de seus filhos, Antonio Ribeiro, meu pai.
Desbravada pelos padres jesuítas e por bandeirantes que buscavam ouro, a cidade teve como primeiros habitantes as populações dos índios paiaiás, aliás, de onde meu avô descende. Próxima a Feira de Santana, e a 137 km de Salvador, a cidade conta com uma população aproximada de trinta mil habitantes, que sobrevivem basicamente da produção agrícola e do comércio local.
Em Irará, ao regressar à cidade após praticamente duas décadas, além de uma família maravilhosa, encontrei uma população hospitaleira, com uma rica tradição e traços marcantes de uma rica cultura, carregada pela simplicidade das pessoas e do lugar. Com o olhar de um outro, uma rápida passagem pode transformar a cidade em mais um pequeno vilarejo, iguais a tantos outros, contudo, como parte da cidade, sentimos a sua singularidade, aguçamos os nossos sentidos, para nos envolver com suas imagens, sons, odores e sabores.

Parece ser muito fácil viver em Irará, quando nos desprendemos da necessidade de transitar solitários nas multidões dos grandes centros, quando percebemos que não há uma cultura superior nas grandes cidades, quando deixamos de lado a ideia de que oportunidades de trabalho ou de estudo influenciam a nossa oportunidade de sermos seres humanos. Aliás, senti-me mais humano em Irará, em contato com o outro, com as estórias, com a natureza. Descendo para a Caroba ou para a Jurema, na roça, essas sensações se multiplicaram e intensificaram, já que ali a cultura planejada na massificação se enfraquece e se esvai.

Sem dúvida, voltarei a Irará, novamente de passagem ou para lá viver. Ao atingir meus objetivos, agora mais imediatos e reais, encherei outras malas, dividirei o que construí em mim, para multiplicar minhas experiências com as pessoas, e delas apreender muitas, iguais aos poucos dias em que pisei nas terras daquela cidade, tão bonita quanto Roma, Évora e Buenos Aires, porém, com uma dose a mais de oxigênio e de vida.

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